A deputada estadual Cristina Silvestri fez um pronunciamento na sessão desta quarta-feira (8) na Assembleia Legislativa, comemorativa ao Dia Internacional da Mulher, convocando a população e suas entidades a uma “cruzada” contra a violência e o preconceito. “Eu ocupo este microfone neste dia, com um sentimento de revolta e tristeza. Dia da Mulher, deveria mudar de nome. Deveria ser em memória ao fim da hipocrisia”, disse ela. “Não é mais possível admitir que numa sociedade dita evoluída, sob a égide da tecnologia, das redes sociais, onde teoricamente as informações chegam aos mais variados níveis sociais, as mulheres continuem sendo vítimas do feminicídio, do machismo, da desigualdade, de todas as formas de opressão e exploração”, explicou.
A parlamentar chamou atenção para os incontáveis e diferentes níveis de agressões contra as mulheres, a tal ponto, segundo ela, que os casos chegam a ser banalizados no cotidiano das pessoas, como os estampados nas páginas policiais, nos boletins de ocorrências das delegacias, sem que isso contribua para a diminuição da violência.
Segundo Cristina Silvestri, as denúncias devem continuar ocorrendo as medida protetivas, sendo ampliadas. Exemplo é o projeto Botão do Pânico, que é de sua autoria, um dispositivo eletrônico que conecta as vítimas em situação de risco diretamente com a polícia e pode ser acionado sempre que necessário.
Para a deputada, é preciso ir além, com o envolvimento ininterrupto de todos (igrejas, entidades, governos, pais, escolas), para que a sociedade se conscientize, de uma vez por todas, que a violência contra a mulher é uma dos piores atentados contra a Humanidade, pois, em grande parte dos casos, acontece no silêncio dos lares, e aumenta dia após dia. “É uma questão também cultural”, alertou Cristina Silvestri, sugerindo que o debate alcance todas as camadas sociais.
ÍNTEGRA DO
PRONUNCIAMENTO
Prezadas Senhoras,
Prezados Senhores,
Temos assistido nas últimas décadas inúmeras homenagens às mulheres, desde que a mulher passou a ser minimamente reconhecida na Sociedade Humana, com direito a voto, com direitos sociais e trabalhistas também reconhecidos.
O Dia da Mulher varia de tom de acordo com o conceito ideológico de cada grupo.
Temos desde homenagens, com reconhecimento às que mais se destacaram em algum setor.
Temos protestos de ruas, nas universidades, fábricas, nas redes sociais. Entendo, que todas essas manifestações são válidas. E necessárias!
É o que nos une neste dia, para lembrarmos que nem tudo são flores em nosso Universo Feminino.
Pelo contrário. As estatísticas estão aí, a nos mostrar que quanto mais o tempo passa, mais as mulheres se tornam vítimas da violência física e psicológica, de assassinos impiedosos, com os motivos mais infames imagináveis.
Senhoras,
Eu ocupo este microfone neste dia, com um sentimento de revolta e tristeza. Dia da Mulher, deveria mudar de nome.
Deveria ser em memória ao FIM DA HIPOCRISIA!
Não é mais possível admitir que numa sociedade dita evoluída, sob a égide da tecnologia, das redes sociais, onde teoricamente as informações chegam aos mais variados níveis sociais, as mulheres continuem sendo vítimas do feminicídio, do machismo, da desigualdade, de todas as formas de opressão e exploração.
Poderia citar estatísticas que já são conhecidas de todos...Os boletins de ocorrência que se acumulam nas delegacias policiais...
As atrocidades contra as mulheres que alimentam a crônica policial do dia a dia!
Que fazem parte da estatística de milhares de mulheres que são diariamente submetidas a humilhações, agredidas, violentadas, mortas!
Uma realidade que está presente dentro dos lares, entre mulheres que exercem múltiplas atividades: são mães, cuidam da casa, dos filhos, e ainda trabalham fora para alimentar a família. E ainda assim, se tornam saco de pancada nas mãos de pessoas criminosas.
Um dos meus projetos nesta Casa de Leis é o do Botão do Pânico. Equipamento eletrônico que o Estado e o Judiciário colocam à disposição da mulher que está sob proteção da justiça, para chamar as autoridades policiais quando se sentir ameaçada.
Temos trabalhado para o efetivo funcionamento das Delegacias da Mulher... A Lei Maria da Penha está aí, em pleno funcionamento.
Todas, são medidas de absoluta urgência.
Mas nenhuma lei ou dispositivo é eficiente sem uma campanha permanente de conscientização da sociedade.
A violência tem, sim, componentes culturais! É preciso atacarmos o âmago desse problema, fazendo com que o respeito comece a ser exercido entre nossas crianças, dentro das escolas.
Que as igrejas de todas as religiões debatam e preguem o fim da violência contra a mulher.
Que nossos tribunais exercitem o direito das mulheres com o rigor que o assunto requer.
Que a imprensa não restrinja estas notícias às páginas policiais, e se una a um coro estridente para gritar ao mundo: CHEGA DE HIPOCRISIA!
Chega de hipocrisia, minhas senhoras, meus senhores...
Porque, temos que nos conscientizar, de uma vez por todas, e de forma contínua, que a sociedade machista em que vivemos, não pode mais persistir assim.
Que os bons exemplos de respeito às mulheres sobressaiam.
É uma mudança de paradigma.
É um desafio nosso, de todos os seres humanos.
Muito obrigada!
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