O projeto cultural Palco Giratório tem apenas uma etapa este ano em Guarapuava, com a apresentação do espetáculo cênico ‘Antes da Chuva’ nesta quarta-feira (19), no anfiteatro do Sindicato Rural de Guarapuava (rua Afonso Botelho, 58, Trianon), às 20h. A peça tem entrada gratuita, mas os convites devem ser retirados com bastante antecedência no Sesc Guarapuava (rua Comendador Norberto, 121, Centro), já que a procura é grande para os eventos culturais organizados pela unidade. Informações podem ser obtidas pelo telefone (42) 3308-2672, com a técnica em atividades Silvana Korocoski.
Montado pela Cia. Cortejo (RJ), ‘Antes da Chuva’ conta a história de Aramís, que encontra Ana numa casa abandonada, onde ela mora com a avó. O menino, na ocasião com 11 anos, é chantageado pela moça para que deixe que ela o veja nu e depois leia pra ela em voz alta.
Inspirada pelas histórias de espionagem lidas pelo garoto, Ana planeja uma fuga no navio do Papa que passará em breve pelo povoado. Com classificação indicativa de 14 anos, a peça dura aproximadamente 60 minutos.
‘Antes da Chuva’ nasceu de uma pesquisa feita pelos atores da companhia Cortejo, e gira em torno do amor inocente e intenso de um jovem rapaz por uma mulher mais velha. Eles habitam um povoado ribeirinho cada vez mais deserto e decadente, lugar este que, no passado, teria sido alvo de exploradores estrangeiros. A base da obra de Gabriel García Márquez (o romance ‘Amor Nos Tempos do Cólera’) se mistura às histórias e experiências vividas pelos integrantes do grupo, a partir de suas memórias familiares.
Em entrevista ao site Pioneiro, o autor e diretor Rodrigo Portella festeja a capacidade de comunicação de ‘Antes da Chuva’ com o público. “Por onde a gente passa conquistamos fãs. As mulheres se sentem muito envolvidas. Afinal, todas querem ter um homem como ele [Aramís]. E a trama tem comédia, tem leveza”.
Mas que não se pense numa história água com açúcar. Há momentos densos, metáforas. “A peça fala da expectativa da realização de um amor que ficou em suspenso. Ele escreve milhares de cartas. Trata-se de um encontro através das leituras de livros”, finaliza Portella.
CIA CORTEJO
A Cia Cortejo foi fundada em 2009 por profissionais de teatro interessados em desenvolver suas atividades e pesquisas fora do eixo das grandes capitais. A maioria de seus componentes tem origem no pequeno município de Três Rios, no interior do Rio de Janeiro, onde a companhia mantém sua sede administrativa e criativa.
A Cia Cortejo foi fundada em 2009 por profissionais de teatro interessados em desenvolver suas atividades e pesquisas fora do eixo das grandes capitais. A maioria de seus componentes tem origem no pequeno município de Três Rios, no interior do Rio de Janeiro, onde a companhia mantém sua sede administrativa e criativa.
O grupo tem hoje em seu repertório dois espetáculos, uma cena curta, além de ser responsável pela produção e curadoria de um dos maiores eventos teatrais do interior do estado: o OFF RIO, Multifestival de Teatro. Seu primeiro trabalho, ‘Uma História Oficial’, estreou em 2010, fez curta temporada em Curitiba, Recife e Rio de Janeiro, sendo a última no Teatro Laura Alvim em Ipanema, rendendo ao grupo uma indicação ao prêmio Shell de Melhor Direção.
‘Antes da Chuva’ é o segundo e mais recente espetáculo da Cia Cortejo. A peça estreou no Festival de Curitiba em 2013 com grande sucesso de público e crítica. O espetáculo foi muito elogiado pelo jornal Estado de São Paulo e classificado pela Veja Rio como uma das dez melhores peças em cartaz no Rio de Janeiro, concorrendo também em 2014 ao Prêmio Shell de melhor autor.
Sua principal temporada foi no Espaço Sesc em Copacabana, após ter apresentado em algumas cidades, em especial no CCBB Brasília, dentro da Programação do Festival Internacional Cena Contemporânea. O mergulho em suas próprias raízes marca o trabalho de pesquisa da companhia.
A cidade de Três Rios, através dos seus poucos habitantes, suas histórias e contradições, é fonte inesgotável de inspiração, abrindo possibilidades temáticas universais. Do ponto de vista estético, o foco principal está na investigação dos limites entre o épico e drama na criação dramatúrgica colaborativa, na maioria das vezes, partindo do princípio de que todos os elementos, inclusive a dramaturgia, devem estar a serviço do diálogo entre o ator e o público.
PALCO
Completando 18 anos de estrada em 2015 e concebido como uma ação estratégica de difusão e intercâmbio de artes cênicas para um país extenso e diversificado como o Brasil, o Palco Giratório é movido por muito esforço e entusiasmo, mas também por reflexões e questionamentos.
Completando 18 anos de estrada em 2015 e concebido como uma ação estratégica de difusão e intercâmbio de artes cênicas para um país extenso e diversificado como o Brasil, o Palco Giratório é movido por muito esforço e entusiasmo, mas também por reflexões e questionamentos.
Considerando as diferenças culturais e as desigualdades sociais e econômicas do país, no qual uma grande parte dos cidadãos ainda possui acesso muito restrito a equipamentos culturais e a obras artísticas, como detectar e eleger produtos cênicos capazes de encantar, surpreender e afetar seus espectadores? Como perceber quais grupos e coletivos estão prontos e com disposição para embarcar na desafiante missão de percorrer, durante um ano, o grande continente chamado Brasil, mostrando o seu trabalho e tendo encontros com sua gente?
Sustentado por uma rede de 33 curadores, composta por profissionais residentes em todos os estados brasileiros, o Palco Giratório reúne anualmente uma “amostragem” importante da produção cênica brasileira. Cada curador apresenta um número determinado de produções do seu estado e o coletivo analisa o conjunto das indicações. Além disso, ao longo do ano, os curadores dividem-se em grupos para acompanhar os principais festivais de artes cênicas do Brasil.
O material de trabalho é, portanto, um mosaico rico e desafiador, como a contemporaneidade. Nesse mosaico, cada componente nem sempre corresponde ao imaginário acerca de um estado ou de uma linguagem cênica determinada. E, desse modo, conceitos, opiniões e referências vão sendo diluídos e reconfigurados.
Importante assinalar que esse mosaico não se propõe a ser a expressão das “melhores produções em artes cênicas” do período. Isso porque o Palco Giratório tem especificidades, e é necessário que a circulação – que pode abranger até 50 diferentes cidades e exigir que o grupo permaneça em circulação por três meses ininterruptos (além de diversas outras etapas ao longo do ano) – seja enriquecedora para o grupo e proporcione uma significativa experiência para os públicos do projeto. Além de o trabalho ser artisticamente potente, o grupo deve estar suficientemente amadurecido e preparado para a empreitada. Participar do circuito Palco Giratório é, portanto, um compromisso firmado com cada grupo envolvido, que opta por investir seu trabalho no país e desbravar o próprio território.
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