Noite de Pantera em Gorpa City

Publicado em agosto 11th, 2015 | por Jornal Correio do Cidadão

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Agosto não é apenas o mês da Expogua. Além da sonoridade country/sertaneja, Guarapuava também comporta outros acordes fora das fronteiras do Parque de Exposições Lacerda Werneck. O curioso é que a distorção e o peso do metal vêm justamente de um lugar aparentemente rural, no meio da área verde: a Associação Pinho Past, onde rola no próximo sábado (15) o Rejection – Pantera Tribute + bandas. O nome já diz tudo: show tributo a uma das maiores e mais poderosas bandas de heavy metal do cenário musical, o Pantera.

Se fosse só isso, seria muito. Mas a noite, que começa às 18 horas, ainda reserva espaço para mais quatro apresentações: Inception Horda, Prime Revenge, Open Scars e Neanderdogs. Só pra você ter uma ideia, o som mais ‘levezinho’ fica a cargo dos Neanderdogs, que não é pouca coisa com seu blues/rock, letras pesadas, vocal cavernoso e guitarras suingadamente altas. O lado bucólico e verdejante da Pinho Past vai tremer no próximo sábado!

Foto: Rafael Enoch

Mas a principal estrela do festival é a curitibana Rejection – Pantera Official Tribute. Formada por Tuba (voz), João (guitarra), Marko (baixo) e Thor (bateria), a banda destila toda fúria, violência e técnica do quarteto texano em suas performances ao vivo, transformando seus shows em uma grande troca de energia com o público, incluindo em seu set músicas dos cinco álbuns lançados.

Músicos com anos de estradas, a banda tem todo cuidado com a qualidade áudio em suas apresentações usando: Randall, Marshall, Dean Dimebag Darrel Signatures, Shure Mics, PQ3 Furman Sound, Alesis DM5, equipamentos de alta qualidade, transformando o repertório em uma imensa tempestade sonora.

Foto: Rafael Enoch

Segundo um dos organizadores do Rejection – Pantera Tribute + bandas, Lucas Remes Nunes, já passou da hora da banda tributo tocar em Guarapuava. “Quando tive o primeiro contato com o vocalista da banda (Helinson Palmonari, o Tuba), ele me explicou que já houve três ou quatro sondagens para tocar em Guarapuava, mas nunca havia dado certo. Como a banda não tinha data disponível para setembro/outubro, quando é feito o Apocalipse Metal, decidimos por fazer algo antes”, referindo-se ao festival de metal extremo Apocalipse, realizado anualmente em Guarapuava.

Para trazer o Rejection ao terceiro planalto e fazer um festival com mais bandas, Lucas se reuniu com seu irmão (Marco Remes) e um amigo (Lucas Fernandes) para criarem a Carrasco Produções. Segundo Lucas, por enquanto a empresa tem a função de dar mais formalidade aos eventos organizados por ela. “Acho que produtora mesmo de shows, não, já que nós três temos nossos trabalhos e organizamos os eventos por gostar”, acrescentado que o calendário musical não para neste sábado, já que tem a quarta edição do Apocalipse neste segundo semestre e a vinda de uma banda de hardcore paulista em outubro.

BANDAS LOCAIS
Além do Rejection, o festival do próximo sábado abre espaço também para quatro bandas locais –Inception Horda, Prime Revenge, Open Scars e Neanderdogs -, dando uma cara de festival a um evento em tributo ao som do quarteto norte-americano Pantera. “A ideia sempre será destacar as bandas da cidade e dar a oportunidade de mostrar seu trabalho”.

Prime Revenge (foto: Cristiano Martinez/Correio)

Inclusive, o Inception é a banda na qual Lucas faz parte. Segundo ele, seu grupo vai tocar somente música autoral, com direito a um single inédito. “Começamos a gravar nossa segunda demo, que contará com cinco faixas e prévia para lançamento no final de setembro”.

Open Scars (foto: Arquivo Pessoal/Open Scars)

INCEPTION
Formada em 2010, o Inception Horda trafega pelo black e death metal. No início de 2014, o quinteto – Sebastião Fernandes, o Sebá (guitarra); Lucas Remes (guitarra); Lucas Fernandes (baixo); Alessandro de Jesus Moreira Rubilar, o Zoio (voz); e Paulo Roberto, o Neno (bateria) – lançou seu primeiro EP, ‘The Lament of the Cross’.

A ‘horda’ conta que, em sua origem, o metal extremo era cantado em norueguês. Mas, para alcançar um público maior e universal, optou-se pela composição das letras em inglês. No caso do Inception, o letrista Zoio compõe tudo em inglês. Inclusive, ele não gosta de ficar detalhando e explicando as letras. “Deixo para que cada um interprete do jeito que quiser”.

Inception (Arquivo Pessoal/Inception)

No palco, o Inception se veste de roupas escuras e utiliza maquiagem macabra, que pode assustar à primeira vista; mas a banda não prega o satanismo ou outras formas de adoração ao Diabo. “Somos pessoas comuns, que trabalham, têm família. O único aspecto que chama mais atenção é que somos todos antirreligião. Em sua essência, as bandas de metal extremo são contra qualquer tipo de dogmas e procuram contestar a sociedade”.

Nesse ponto, os integrantes afirmam que o universo do metal propicia que as pessoas abram a mente e tenham uma leitura de mundo mais tolerante, com senso crítico mais aguçado. “Por isso, é impossível existir uma banda de metal extremo ‘gospel’. Seria uma tremenda hipocrisia, já que esse tipo de sonoridade vai contra qualquer dogma, seja religioso ou não”.

Nesse sentido, a banda destaca que, apesar de seus integrantes serem contra a religião, respeitam quem acredita nela. “E também queremos que respeitem a nossa postura”.

Em Guarapuava, o Inception percebe que a cena do metal extremo ainda é bastante restrita. “O público ainda é segmentado. Mas temos uma base de fãs bastante vasta, com milhares de seguidores no Facebook”.

Fora isso, ainda existe bastante preconceito quanto a quem curte e vive esse tipo de estilo roqueiro. “As pessoas ficam com medo porque a gente usa roupa preta e se veste diferente, com pinturas no rosto”.

Aliás, a pintura no rosto é chamada de ‘corpse paint’, que, em português, significa ‘pintura de cadáver’. É um tipo de pintura facial em preto e branco hoje em dia muito utilizada por bandas de black metal. Pode representar pinturas de guerra, ou expressões faciais que retratem sentimentos como ódio, agonia etc. Dependendo de quem as usa, pode ter vários significados, há até quem as faça de modo a parecer algum animal.

O objetivo do ‘corpse paint’ pode também ser variado, pode ir desde uma simples afirmação contra a popularidade (“pop-stars”), até a quase imagem viva da mensagem que a banda ou indivíduo tenta transmitir. Os primeiros utilizadores do Corpse Paint foram os integrantes da banda brasileira Sarcófago (banda), que inspirou bandas de black metal, como dito por Fenriz da banda Darkthrone.

O Inception explica que o ‘corpse paint’ surgiu como uma forma de não vender uma imagem ao público, apagando assim a personalidade do músico. Assim, afloram sentimentos de morte, tristeza e obscuridade nas pinturas, que são uma forma de representar tudo isso. Segundo o Inception, uma das primeiras bandas a usar o ‘corpse paint’ no Brasil foi a Sarcófago, nos anos de 1980.

Apesar do som extremo, a parte instrumental é bastante trabalhada pela banda. Geralmente, usam uma afinação mais baixa, para dar o som extremamente agudo.

LOCAL
Com duração de cerca de cinco horas, o Rejection – Pantera Tribute + bandas está programado para aAssociação Pinho Past, um local mais afastado do Centro de Guarapuava, mas que não incomoda os vizinhos, tem estacionamento e é seguro. “A localização é bem próxima do local onde ocorreu o último Maquinária Rock Field e do Souther Pride, que foram realizados no início do ano”, diz Lucas, que espera grande público.

Neanderdogs (Foto: Cristiano Martinez/Correio)

O organizador termina convidando a todos de Gorpa City para o evento de sábado. “Gostaria de falar para a galera não deixar passar, pois o Rejection é uma excelente banda; o Pantera com certeza faz parte da vida de todos que curtem rock/metal. Será uma grande festa”.

SERVIÇO

Rejection – Pantera Tribute
+ as bandas Inception Horda, Prime Revenge, Open Scars, Neanderdogs

Sábado (15), a partir de 18h
Associação Pinho Past – local fechado, com estacionamento
R$ 10 (antecipado)
Pontos de Venda: Armazém do Rock e Beer’s House

Texto: Cristiano Martinez
Foto: Dyego Martins/Fotografia Musical